[assassina]

…dê o play para ler!

[Come up to meet you…

Era noite, mais uma noite com ele. Lá estavam eles dividindo a mesma cama de solteiro, tirando mais um cochilo à dois. Ela já acostumada com seu ronco e ele acostumado com seus pés gelados. Conversas soltas em meio a cochilos, beijos doces regados a cafuné e o assunto fatal: um sonho.

‘Sonhei que eu traía você’, na hora o coração dela acelerou: ai meu Deus, vou ter que contar. Ele continuou, ingênuo homem que era disse: me senti tão mal, nunca faria isso com você. Ela por outro lado, cheia de culpa e uma vontade desesperadora de falar, mas era uma tarefa tão complicada, melhor calar pra sempre ou falar a verdade? Talvez a decisão mais difícil que lhe cabia até o momento: perder o homem que tanto amava por algo banal ou conviver com a dor latente que a perturbava dia e noite?

Mal sabia ela que por meses aquela cama seria o leito de sua morte que lentamente acontecia, morria de tanta culpa, morria em seu desespero, morria. Madrugadas tempestuosas cheias de lágrimas, abafando seus gemidos de dor no travesseiro às vezes contrastando com o som de socos na parede pedindo silêncio do lado de lá. A morte era apenas o começo. Não só ela morria, mas junto morria o que de tão belo existia entre eles: ‘tenho que contar pra ele’.

Chegou perto dele e lhe enfiou uma faca no peito, podia-se ouvir os gritos: de culpa e o de dor. Também dava pra ouvir o silêncio da indignação, da mais profunda tristeza e decepção misturados com gritos de quem não podia acreditar, com alguns adjetivos que vestiam perfeitamente a moça e algumas palavras que a faziam morrer cada vez mais rápido. Mesmo morrendo ela tentava suturar a ferida do amado… em vão.

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E morreu. Matou e morreu!

tell you I’m sorry]

[assassina]

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